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21/09/2010 NOVIDADES

Um Sopro de Vida

VIVA O CAPITAL INICIAL!
Há um momento da vida que tudo parece perder o sentido, mesmo estando tudo bem. Talvez seja excesso de trabalho ou simplesmente a rotina de fazer sempre a mesma coisa, acordar todos os dias para os mesmos compromissos como se o processo criativo não mais pudesse ou tivesse a capacidade de surpreender, emocionar, gerar o desafio entre você e você.

Neste momento nada como uma “sacudida” para recobrar a vida. Era assim que parecia estar a banda Capital Inicial na turnê Das Capitais, neste fim de semana em Vitória. Olha, já vi muitos shows deles e o brasiliense Dinho Ouro Preto estava especialmente apaixonado pela vida, interessado pelas pessoas, gozava no sentido amplo e mais belo da palavra com o publico, com seus companheiros de banda e principalmente com ele mesmo.
Ele queria saber mais sobre aquele momento, pedia que o público enviasse fotos, filmes. Como uma das bandas mais politizadas do Brasil, não ia deixar de falar na véspera das eleições e ressaltar que cabia a nós a responsabilidade de nos livrar de políticos que acham que o Brasil cabe no bolso deles. Lindo! Parece um clichê mais infelizmente ainda é a realidade.

Uma banda com 25 anos de estrada, que sempre foi, de fato, elétrica e extremamente envolvente no palco, parecia estar mais do que “ligada”. Estava viva, com os olhos brilhando, com uma liberdade de cantar praticamente todo o disco novo e de mandar em conta gotas os vários hits desta trajetória.

Dinho faz parte da linhagem das melhores bandas dos anos 80. Eram seus colegas de shows alternativos em pubs de Brasília nomes como Renato Russo, Dado Villas Boas, Herbert Vianna, os irmãos Fê e Flavio, os fundadores do Capital Inicial.

O Capital estava à vontade. Como aquele bando de meninos de Brasília que aos 16, 17 anos influenciados por bandas como Led Zepplin, Queen
pensaram um dia que eles podiam sim formar uma banda, fazer musica, arrastar multidões, gerar fãs, entrar na história. O Capital Inicial é uma parte considerável da história do pop rock brasileiro dos anos 80 e no palco, na noite do show Das Capitais, fizeram duas belas homenagens.

Cantaram “Mulher de Fases”, dos também companheiros do Planalto Central Raimundos, outro fenômeno vindo de Brasília nos anos 90 e que não aguentou o peso do “mainstream” e ficou pelo caminho. A outra homenagem foi ao amigo e certamente um dos melhores letristas desta geração Renato Russo, que foi parceiro de Dinho na sua banda anterior ao Capital, o Aborto Elétrico. Em uma bela capela de oito mil vozes Dinho mandou: “Mudaram as Estações, nada mudou, mas eu sei que alguma coisa aconteceu, está tudo assim tão diferente...”.

E o Capital estava assim tão diferente, tão vivo, tão renovado, tão lindo. A gente sempre torce que tudo corra bem e que bom que aquela queda do palco ocorrida com o Dinho não tirou ele da música, assim como o acidente de ultraleve não tirou o Herbert Vianna, embora, claro, tenha mudado a vida deles possivelmente para sempre.

Mas nada é tão lindo como renascer dentro da mesma vida e aí a gente pensa que tudo tem uma função na imensa roda do mundo. Há função em algumas coisas atravessarem nosso caminho para “sacudir” toda a normalidade e nos recobrar a vida! Os tissunamis são imensas ondas que vêm, deixam estragos, mas tudo, com o tempo, pode ser recomposto e muitas vezes ainda melhor do que antes. Viva o Capital Inicial.

(Rose Frizzera)

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