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17/09/2015 NOVIDADES

Leigos que dão dicas de exercícios e dieta cometem crime e podem ser presos

Se quem passa as dicas e orientações não for formado em educação física ou nutrição, a situação é grave. Caracteriza-se exercício ilegal da profissão, previsto no artigo 12 do nosso Código Penal. A pena para esse crime é de 15 dias a três meses de prisão ou multa.

A jornalista recifense Maria Eugênia Bispo, 29, pratica esportes desde o primeiro ano de vida. Começou com a natação para controlar uma asma. Em 2013, se apaixonou pelo crossfit e começou a seguir vários perfis de blogueiras que dão dicas de exercícios físicos e alimentação para manter o “corpão”. E ela imitava todos, seguindo as várias dicas.
No fim de um treino em outubro de 2013, resolveu fazer um exercício que havia visto em um dos perfis que seguia. Pendurada de cabeça para baixo pelos joelhos em uma barra suspensa, ela fez os abdominais. “Era um exercício que eu já havia feito outras vezes. Mas naquele dia eu não estava bem. Escorreguei da barra, caí com o pescoço em um bloco de madeira e fraturei a coluna”, relata. Imediatamente, ela parou de sentir as pernas e ficou paraplégica por um mês e meio.
O caso de Maria Eugênia ilustra bem os perigos de seguir as orientações de perfis fitness nas redes sociais sem a orientação de um profissional da área. Ela própria reconhece seu erro e não recomenda que outras pessoas tentem imitar essas celebridades das redes sociais. “Eu não culpo ninguém. Foi uma besteira minha. Mas as pessoas tentam imitar esses blogueiros, ser igual a eles. Sempre digo: não vale a pena”.
Responsabilidade. Em alguns perfis fitness, os autores ressaltam que os exercícios e a dieta não devem ser copiados pelos seguidores. “Lembrando que esse é o meu treino, que eu posto apenas como forma de incentivo”, escreveu Gabriela Pugliesi – uma das mais famosas blogueiras fitness – em uma postagem.
Já o namorado dela, Ricardo Barbato, não tem pudor em se definir como “lifestyle coach” (ou “técnico em estilo de vida”) para seus 170 mil seguidores no Instagram – mesmo não tendo formação na área da saúde. Suas atividades no ramo, aliás, lhe renderam uma autuação do Conselho Regional de Educação Física de São Paulo (Cref-SP).
A responsabilidade desses blogueiros com seu público é – ou deveria ser – grande. “É muito sério você fazer um programa de treinamento ou tentar auxiliar alguém na atividade física sem um contato direto. A pessoa pode ter algum problema, seja físico, fisiológico ou emocional, que vá interferir no resultado do exercício apresentado, ou até gerar sequelas na saúde”, explica o educador físico Fernando Sander, conselheiro do Cref-MG. Sem falar nas pessoas que, como Maria Eugênia, tentam seguir as orientações da internet sem condições de acompanhar.
Se quem passa as dicas e orientações não for formado em educação física ou nutrição, a situação fica ainda mais grave. “Isso é exercício ilegal da profissão, previsto no artigo 12 do nosso Código Penal”, diz. A pena para esse crime é de 15 dias a três meses de prisão ou multa.
Campanha. Também na internet, blogueiros com formação profissional nas áreas da saúde estão em campanha contra leigos que se propõem a “ensinar” atividades físicas e nutrição. No blog Não Sou Exposição, a nutricionista Paola Marchesini Altheia encabeça a campanha #DáUmUnfollow, propondo boicote aos perfis fitness. “Seguir os gurus fitness promove o que eu chamo de ‘efeito de Narciso ao contrário’: quanto mais a pessoa vê aquele mundo de ilusões e corpos esculturais, mais inadequada e descontente ela fica, e menos ela gosta de si mesma. Por isso sugiro o boicote”, explica.
Matéria publicada pelo site Portal da Educação Física.

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