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18/10/2021 NOVIDADES

Um novo público chega às academias. Será?

O pós-crise poderá trazer oportunidades. “Depois da tempestade vem a bonança”. Para os pessimistas de plantão essa frase pode não fazer sentido, mas isso é o que costuma acontecer na sábia natureza. No mundo dos negócios não é diferente! Companhias bem-sucedidas como a General Motors, AT&T, Disney e mais da metade das empresas listadas na Fortune 500 foram fundadas durante períodos de recessões econômicas.

O economista Joseph Schumpeter apelidou esse fenômeno de “detonação criativa” e acreditava que modelos inovadores que atendem novas demandas e necessidades aparecem durante períodos de crise e costumam atrair novos perfis de consumidores. E é justamente para isso que apontam os primeiros meses de retomada do mercado de fitness em todo o mundo.

Depois de tantos prejuízos provocados pela pandemia, muitas academias de países europeus, da China e dos Estados Unidos têm relatado que a retomada trouxe desafios, mas também trouxe um novo público: aquelas pessoas sedentárias que nunca treinaram em uma academia e que agora estão dispostas a cuidar mais da própria saúde.

Motivadas pela onda de pesquisas e estudos científicos publicados nos últimos 15 meses, as pessoas estão mais preocupadas com a prevenção de doenças e, principalmente, em aumentar os seus índices de imunidade corporal. Pode ser de fato uma oportunidade pós-crise e a chance de as academias, finalmente, saírem da taxa de 5% de penetração no mercado brasileiro.

“É mais do que uma ponta de esperança: é o que realmente vem acontecendo. Os países que estão na frente na questão da vacinação já retomaram as atividades e têm experimentado essa novidade. Muitas pessoas que não tinham o hábito de praticar atividade física estão procurando cuidar mais da saúde e as academias têm sido uma opção segura para alcançar esse objetivo”, diz Monica Marques, diretora da ACAD Brasil e membro do Conselho da IHRSA.

Não é apenas uma percepção dos gestores de academias. Alguns levantamentos sobre o mercado de fitness têm mostrado um cenário positivo para um futuro próximo. O relatório de impacto econômico mundial para a Global Health & Fitness Alliance (GHFA), recém-publicado pelo Credit Suisse Group (banco de investimento sediado em Zurique, Suíça) apresenta alguns pontos extremamente animadores e apontam alguns caminhos.

Monica Marques afirma ainda que: “segundo o relatório, o bem-estar é um guarda-chuva para uma vida saudável, com sua variedade de subsetores. O impulso para o desenvolvimento de produtos saudáveis e a tecnologia são tendências, assim como o foco na atividade física para garantir bem-estar físico e mental. Acredito que os próximos meses aqui no Brasil também já se mostrarão promissores, assim como o cenário internacional. ”

O Credit Suisse estima que a economia global de bem-estar está avaliada em

US$ 5,8 trilhões em 2021 e poderá crescer, até 2024, cerca de 7% ao ano, com muitos subsegmentos crescendo ainda mais rapidamente, tornando esse mercado cada vez mais importante para os investidores.

A ordem da vez é o autocuidado e, ainda segundo o relatório, quatro tendências apoiam o crescimento do bem-estar: (1) populações envelhecidas; (2) a necessidade de reverter efeitos de estilo de vida não saudáveis; (3) escolhas proativas— maispessoas estão optando por cuidar de sua própria saúde; e (4) gerações mais jovensgastando mais.

 

China, Estados Unidos e Inglaterra já apresentam novo fôlego

No primeiro semestre de 2021, a rede chinesa de academias Supermonkey foi avaliada em US$ 1 bilhão, o que é um forte sinal do aquecimento do mercado de fitness. O setor de saúde e condicionamento físico está crescendo em um ritmo acelerado na China, em parte devido ao plano estratégico do governo chinês de fazer com que mais pessoas pratiquem exercícios físicos regulares. O governo estabeleceu uma meta de 37% da população adulta ser fisicamente ativa até 2022 — saindo dos atuais menos de 28%.

“O que vemos em alguns estados americanos, assim como na China, é um número maior de matrículas quando comparamos com o mesmo período do ano de 2019.

A frequência de treinos também vem aumentando em termos de presença física nas academias. Outro fator relevante é o número de novos praticantes, ou seja, pessoas que decidiram pela primeira vez frequentar uma academia de ginástica.

É um verdadeiro efeito champanhe para o setor”, disse Leonardo Pereira, vice-presidente da ACAD Brasil, fundador e sócio do Grupo Selfit.

Ainda segundo Pereira existe sim uma recuperação acelerada e animadora.

Diversas redes voltaram a expandir seus negócios. Já outros grupos decidiram abrir novas academias no além-fronteiras, como é o caso da UTime Fitness, rede chinesa que expandiu para Tailândia.

“Os números relativos ao retorno da The Gym, rede inglesa, são bem animadores. Já a holandesa Basic-Fit superou sua máxima histórica em termos de valor, companhia aberta, após a reabertura das academias. A norte-americana Planet Fitness também teve forte recuperação. A preocupação com saúde atingiu níveis nunca antes vistos, mas à medida que a vacinação for avançando, combinada à redução das restrições dos protocolos sanitários, teremos uma explosão no setor em termos de consumo. E isso será muito em breve”, diz Leonardo Pereira.

Muitos gestores de academias de fora do Brasil já perceberam as mudanças.

“Parece que mais do que nunca as pessoas estão vendo a importância de cuidar da saúde, especialmente depois de passar por um ano tão desafiador.

Mesmo com tantos desafios pela frente, tivemos um reinício positivo dos negócios, com a chegada de novos clientes”, disse Neil Randall, CEO da

Anytime Fitness, rede de academias da Inglaterra, que só em 2021 abriu quatro novas unidades (das 180 que possui).

 

A pandemia impulsionou a necessidade pelo

Autocuidado

A preocupação com a saúde e o bem-estar no mundo já é um fato e começa a movimentar um mercado de proporções gigantescas. A Covid-19 tornou tudo mais urgente. Mais do que um “modismo” ou uma preocupação de uma parcela da população “bem-informada” e com recursos financeiros, ser fitness se tornou uma estratégia para enfrentar a doença.

Para o analista do Sebrae Minas, Victor Mota Ferreira, o gestor de academia que está no caminho certo é aquele que se esforça para entender medos e anseios do consumidor e sabe se comunicar melhor. “O apelo da saudabilidade é muito grande, pois estudos têm mostrado que a atividade física aumenta a imunidade. A cadeia do fitness tem que entender essas orientações para se comunicar, fidelizando e atraindo um novo público. A pandemia retraiu a demanda e as pessoas vão voltar com força. ”

O cenário é de otimismo também de acordo com os investimentos no setor. Segundo um relatório da European Health & Fitness Market Report, publicado em junho de 2021, “a confiança dos investidores em futuras oportunidades de crescimento no setor de fitness permanece alta. ” Isso é demonstrado pelas grandes somas investidas durante 2020 nos vários segmentos do fitness por meio de empresas existentes e startups, tanto on-line quanto off-line. Uma parte significativa desse investimento vem de grandes tecnologias como Apple, Google e Amazon.

Ao que tudo indica, depois da tempestade vem mesmo a bonança!

 

FONTE: Julho 2021 | Revista ACAD Brasil

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