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04/11/2021 NOVIDADES

Mulheres recorrem ao Krav Maga como ferramenta de defesa pessoal

Ser mulher, geralmente, envolve o sentimento de medo, receio de andar nas ruas, seja de dia ou de noite, ou até mesmo ficar dentro de casa ou próxima de determinados familiares. A violência afeta o físico, o emocional e o bem-estar das mulheres. Sejam vítimas ou não...

A luta, além da defesa pessoal, melhora o bem-estar da mulher, trabalha condicionamento físico, emocional, autoestima, entre outros.

Conforme os dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP), somando os números de ocorrências de lesão corporal, de 2019 e 2020, temos o total de 19.983 em todo o estado de Mato Grosso. Além desses, temos 860 estupros, 534 tentativas de homicídio e 192 casos de feminicído. Esses são apenas os casos que são registrados, com vítimas femininas de 18 a 59 anos.

Ser mulher, geralmente, envolve o sentimento de medo, receio de andar nas ruas, seja de dia ou de noite, ou até mesmo ficar dentro de casa ou próxima de determinados familiares. A violência afeta o físico, o emocional e o bem-estar das mulheres. Sejam vítimas ou não.

Neste cenário, mulheres tem recorrido ao Krav Maga, uma luta criada na década de 1940 e que serve para qualquer pessoa, independente do sexo, idade, biotipo ou condicionamento físico, consiga se defender de qualquer forma de agressão.

“O Krav Maga não é uma arte marcial! É a única luta reconhecida mundialmente como arte de defesa pessoal. Por não ser arte marcial, ela não tem campeonatos, nem medalhas, nem juízes, nem regras. O objetivo é fazer com que o cidadão chegue vivo em casa”, explicou a representante da luta em Mato Grosso, Taísa Guimarães.

Em fevereiro de 2009, Taísa morava em Brasília quando foi assaltada por um casal armado. Após o crime, ela ficou com medo de sair de casa e foi incentivada por seu pai a conhecer o Krav Maga. Já em sua aula experimental se apaixonou, se matriculou e nunca mais saiu.

Anos depois, ao se tornar instrutora, escolheu dar aulas em Mato Grosso, um estado que ainda não tinha representantes da luta dando aulas de defesa pessoal. Sua primeira turma foi em maio de 2017.

A instrutora explica que somente 30% dos alunos são mulheres, mas há uma luta constante pela divulgação da defesa pessoal, buscando diminuir a diferença e ensinando que a força física não é necessária.

“Tudo que não vale numa arte marcial, nós usamos como objetivo. Nós atingimos os pontos sensíveis, como os olhos, nariz, garganta, genitália e joelho do agressor, para tirarmos a diferença de tamanho e força física”, destaca Guimarães.

Visando a segurança do cidadão, em variados casos, os agentes de segurança pública reforçam que não se deve reagir.

“Quem não sabe o que fazer, só tem uma opção: não reagir. O Krav Maga veio para trazer uma outra opção. A pessoa que não sabe o que faze,r fica à mercê dos bandidos, se eles quiserem roubar’, vão roubar, se quiserem sequestrar, vão sequestrar, e por aí vai. Às vezes, não reagir não é suficiente para que você volte vivo para casa e é aí que o Krav Maga entra”.

Fabiana Soares Vieira é do Rio de Janeiro, faz Krav Maga há 12 anos e já usou a defesa pessoal em duas situações.

“Eu sempre fui péssima em coordenação motora, mas depois que você aprende os movimentos e os entendem, eles fluem. O Krav Maga me deixou muito mais preparada mas para superar os desafios. Você se sente mais preparada para encarar a rua, você consegue andar de cabeça erguida, sua confiança volta e, consequentemente, sua autoestima”, afirma a aluna.

Taísa Guimarães explica que sim, apesar de não ser o foco, a luta melhora o bem-estar, trabalha com a autoestima, com a coordenação motora, coragem, controle emocional, agilidade, raciocínio rápido, autoconfiança, condicionamento físico e ansiedade.

Para a instrutora, as mulheres precisam saber que são capazes de se defender, principalmente em uma sociedade tão violenta.

“Quando a mulher precisar, ninguém irá ajudá-la. Eu precisei e ouvi de um policial: ‘você está aqui na delegacia porque é um coroa que está te seguindo, se fosse um garotão você estaria gostando’. Neste momento eu vi que eu teria que fazer algo por mim, pela minha segurança”.

 


JULIANA ALVES – Cicruito Mato Grosso

Jornalista

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